Era segunda-feira
de Carnaval.
Nosso show
principal estava marcado para a noite, mas, no domingo, fechamos com nosso
contratante um show extra à tarde, ou seja, seriam dois shows no dia.
O local do show
vespertino seria em frente ao conhecido Hotel Veneza, em Gurupi, onde milhares
de pessoas se reúnem tradicionalmente à tarde, todos os anos, nos dias de Carnaval,
para se divertirem , namorarem, beberem todas, e obviamente dançar muito. A
música sempre ficou a cargo de vários carros, lado a lado, com infindáveis
cornetas, tweets e graves, que produzem som absurdamente alto e por vezes
inaudível ante a mistura de sons emanados dos automóveis que competem entre si.
Isso não importa. O que vale é a festa.
Passar o som seria
um desafio difícil em meio àqueles vários carros com aparelhagens potentes. Por
mais que estivéssemos em cima de um grande trio elétrico com estrutura sonora
imponente, o ruído dos veículos era impressionante.
Primeira etapa
vencida. O som estava passado graças à mesa digital que levávamos conosco.
Do alto do trio
elétrico, o apresentador do evento conseguiu convencer os donos dos automóveis
a desligarem seus aparelhos de som. Obviamente alguns não gostaram da ideia,
mas atenderam aos pedidos insistentes do apresentador.
Estabelecido o
silêncio, iniciamos nosso show.
Pouco a pouco
as pessoas foram se envolvendo com música, e logo já dançavam, coreografavam e
curtiam, como sempre fazem nos shows da Balagandaya. Estava tudo muito lindo. Homens e mulheres
sorriam. O ambiente era festivo. Todos cantavam nossas músicas. Olhavam para
cima do trio de onde tocávamos e interagiam conosco.
Eis que naquele
momento, uma camionete levantou sua carroceria, e como um robô do futuro dos
filmes de ficção científica, apresentou suas “armas”. Era uma estrutura imensa,
com uma assustadora aparelhagem de som. O carro encostou ao lado e desafiou não
somente o trio elétrico e a banda que tocava, mas aquelas milhares de pessoas
que estavam assistindo ao show. Imediatamente paramos de tocar. Era impossível continuar.
Sem exitar, o
público começou a vaiar, censurar, até mesmo fazer sinais obscenos aos
ocupantes daquela camionete. O coro da reprovação foi ensurdecedor.
Naquele instante,
o Markim, vocalista da banda, tomado pela reação da plateia, do alto do trio
elétrico esbravejou em direção ao veículo:
- Aqui não, meu
amigo! Aqui você tem que ter respeito! Aqui você precisar respeitar a tudo e a
todos que estamos fazendo essa festa. Aqui não!
O público
gritou mais alto, aplaudiu com energia, e alguns como eu, se emocionaram. Não
esperávamos aquela reação dos expectadores, que nos blindou com um carinho e
respeito que nunca esqueceremos.
Voltamos a
tocar com uma música do Jorge Ben que refletia como nenhuma outra aquela cena:
“Moro num país
tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Em fevereiro, em fevereiro
tem carnaval (...)”.
O som da
camionete se calou. Nossa música voltou. O público vibrou e cantou com a gente.
E eu, emocionado, como ainda estou no momento em que escrevo este texto, não
contive as lágrimas.
Foi o momento
mais bonito e emocionante do Carnaval.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIsso é fruto do sucesso de vocês! Quem comanda são vocês agora! Que venha mais sucesso ainda! Parabéns! Marlus Mamede
ResponderExcluirParabéns sucesso!!! vcs merecem!!!!
ResponderExcluirSei que foi muito emocionante mesmo... Continuem a emocionar as pessoas por esse Brasil a fora... Nosso mundo infelizmente tem muitas notícias ruins... Sucesso!!!
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