terça-feira, 22 de março de 2011

NOSSA INCULTA E BELA LÍNGUA PORTUGUESA


Para alguns amigos sou chato, pois os corrijo quando há um deslize exagerado no falar ou escrever. Não se trata de arrogância ou achar que sei mais que os outros, afinal não sou um catedrático quando o assunto é o vernáculo. Sou daqueles que, ao corrigir um erro de português, penso estar ajudando. Obviamente que corrijo somente uma pessoa com quem tenha intimidade.

Erros como, “cosinhar” em vez de “cozinhar”, “enxente” em vez de “enchente”, “polpável” em vez de “palpável”, “previlégio” em vez de “privilégio”, “por causa que” em vez de um simples “porque” e por aí vai.

Em minhas andanças, sempre me atento às fachadas, faixas e muros, na expectativa de encontrar coisas escabrosas ou engraçadas. Logo que encontro, lanço mão do meu celular ou de minha câmera fotográfica para fazer o registro. As conclusões serão tiradas pelo próprio leitor.

“Nós samos filhas di Deus que ele nas abensoi”

Que Deus abençoe a nossa língua portuguesa!


Nas dificulidade da vida que Deus nós torna mais forti!!

Tenho muita dificuldade para escrever “dificulidade”


“Que ó Senhor” abençoi este lá!!!

Lar doce lar!!!


“Acessoria" 

Acho que estão precisando da assessoria de um dicionário.

                    Ultrapassada a tragédia, passemos para a comédia.

“100 ora”

O Banheiro feminino, a ser usado por senhoras.


“Água filtrada”

Agora sim fico tranquilo, pois a água não é da torneira. É água filtrada mesmo!


“Bar Fômetro”

Este é o lugar para quem não tem medo do teste do Bafômetro.

Os exemplos acima são engraçados e inesgotáveis por aí afora. Certamente, em bem pouco tempo, apresentarei novas pérolas, dignas de “resistro”, ou melhor, registro.

Por fim, transcrevo o célebre poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac, que relata que nossa língua, mesmo maltratada, na escrita ou na fala, continua a ser bela.


LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!