quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PALMAS DE LEMBRANÇAS OU REALIDADE?

Quem mora em Palmas há mais de nove anos e desfrutava o lazer e o turismo, tem saudade de dois eventos que eram a “cara da cidade”: a Praia da Graciosa e o Carnaval na Avenida Teotônio Segurado.

Pra refrescar a memória, a Praia da Graciosa ficava do outro lado do Rio Tocantins que, antes de se represado (2001) para a formação do Lago da Usina Luis Eduardo Magalhães, nos meses de seca, dava lugar a uma linda extensão de areia. A Graciosa era esperada o ano inteiro pelos tocantinenses e gente de outros estados, que no mês de julho, atravessavam o Rio em “voadeiras” para curtir a praia. Havia uma estrutura montada pelo poder público e iniciativa privada esperando o turista. Até hoje as pessoas comentam os grandes shows nacionais, como de Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Paralamas do Sucesso, que ocorreram lá.

O outro evento aguardado por muita gente do Tocantins e outros Estados era o Carnaval de Palmas, realizado na Avenida Teotônio Segurado, em frente ao Palmas Shopping. Que bons tempos eram aqueles! Existia um clima de Carnaval. As pessoas estavam com espírito de festa, e se preocupavam apenas com seus abadás ou camarotes se tivessem condições financeiras, ou então em juntar uma boa turma de amigos pra ir brincar na avenida. Na época o poder público apoiava o evento, montando estrutura e grande divulgação, além é claro de entrar como parceiro das empresas e blocos que ajudavam a concretizar a maior festa popular do Brasil. Tudo era festa!

Tanto a Praia da Graciosa como o Carnaval em Palmas ainda existem, mas, sob outro formato. E esse formato não é atrativo. Para muitos é como se nem existisse. Ninguém tem o prazer que bater no peito como antes e dizer que temos a melhor praia fluvial do Brasil, nem que temos o melhor carnaval das regiões Norte e Centro-Oeste.

A Praia da Graciosa é do lado de cá do lago, e ao longo de sua orla existem apenas dois “barzinhos” e um restaurante. O movimento é fraco, se resumindo a finais de semanas, haja vista a inexistência de atrativos turísticos ou pontos de lazer e entretenimento. A segurança policial é frágil ou inexiste. O mascote da praia poderia ser a piranha, haja vista os ataques diários do peixe em pessoas que ousam entrar na água.

O Carnaval, após determinação judicial, foi transferido para a antiga pista do aeroporto. Após dois anos de fracasso e reclamação dos moradores da região, foi transferido para a Praia da Graciosa. Há dois anos sendo realizado lá, pode-se dizer que ainda não vingou. Organização, planejamento, divulgação, incentivos, e maior envolvimento do poder público e iniciativa privada são questões emblemáticas que, se não resolvidas, manterão o Carnaval de Palmas na condição de ruim.

A população palmense está sujeita à falta de opções de lazer e turismo por aqui. Façam o teste. Saiam todos os dias para lugares agradáveis e diferentes por uma semana. Na segunda semana perceberão que não tem mais opções. Ruim é saber que todo mundo percebe essa carência, inclusive os governantes municipais e estaduais, e não se faz nada. O potencial turístico é evidente, mas a ausência de ações eficientes e concretas nos deixam à mercê do nada.

Empreendimentos como o Capim Dourado são prova do potencial da cidade. Mas ainda é muito pouco! Muita gente viaja todos os finais de semana para buscar diversão em outras cidades e até outros estados, pois está cansada da mesmice de Palmas.

Espera-se muito do “novo” Governador Siqueira Campos, que na época da Praia da Graciosa (aquela do outro lado do rio) e do Carnaval na Teotônio Segurado, era quem, ao lado da Prefeitura de Palmas, comandava os grandes eventos e a quem era atribuída a iniciativa e organização tudo.       

Os palmenses têm muito a reclamar das coisas que faltam por aqui. Mas se o fazem, é porque amam Palmas. Já diz o dito que “quem ama cuida”. Está passando da hora de cuidarmos desta cidade!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A MENTIRA

Como a mentira faz parte do nosso cotidiano! Somos mentirosos contumazes.

Quem nunca mentiu pra se livrar de uma pessoa chata ou inconveniente? Para não ter que ir a uma reunião, aniversário ou confraternização indesejada? Ou então para dispensar um(a) pretendente ou um colega de trabalho chato?

Mentiras são inventadas o tempo todo pelos mais diversos motivos. Para não desagradar a alguém. Essa é conhecida como mentira saudável, se é que realmente existe. Ou então para nos escondermos de algum erro que cometemos. Por se eximir de culpa.  Para se obter vantagens lícitas ou ilícitas. Para justificarmos nossa desorganização. Ou para nos enganarmos.

Quando chegamos atrasados ou faltamos a um compromisso, sem justificativa, para não se dizer qual o real motivo, inventa-se algo qualquer: “O pneu furou”, “Estava passando mal”, “Parei numa bliz”, “Esqueci minha carteira”, “Um cano estourou”. Várias são as mentiras possíveis. Não temos coragem de assumir que acordamos atrasados e perdemos a hora, que ficamos um tempinho a mais na internet, vendo a novela ou o jogo de futebol, que nos atrasamos no banho ou que ficamos perdidos no tempo.

Algumas mentiras são contadas com tanta firmeza e veracidade que o próprio mentiroso se surpreende com a sua capacidade de mentir e convencer.

Entretanto, como diz o velho dito, “a mentira tem pernas curtas”. E acrescento: as mentiras contadas a quem amamos ou a quem nos ama tem pernas mais curtas ainda. Mentiras são traições desferidas contra a confiança de alguém. Aí vem a questão: até que ponto compensa mentir?

E quando menos se espera, por acaso ou por “infeliz” coincidência, as mentiras passam a ser descobertas, ou simplesmente vêm à tona. O mentiroso é descoberto. Neste momento, aquele que mentiu sente como se tivesse levado um soco no estômago e a vergonha se mostra em forma de palidez e arrependimento.

Para aquele que descobre ter sido vítima de uma enganação, de uma mentira grave, resta a frustração, o sentimento de traição e a mágoa. E toda aquela confiança que foi construída ao longo do tempo se rui em questão de segundos.

Então, o que era uma relação de confiança, de amizade e amor passa a ser de desconfiança, incredulidade e mágoa. Muitas pessoas não conseguem superar a dor de uma traição. Outros até conseguem perdoar, mas nunca esquecer. Uma segunda chance pode não ser dada àquele que pretere a confiança de alguém.

Antes de criar uma mentira, é bom que pensemos muito bem. É um caminho sem volta. Por mais que se pense se tratar de uma “mentirinha” ou uma mentira “saudável”, tenha a certeza de que ela pode ser descoberta e que gerará conseqüências muitas vezes insanáveis e imperdoáveis.

No fim das contas conseguir dormir tranqüilo, sem peso na consciência ou medo de ser descoberto é a melhor coisa que tem. Sustentar uma mentira em vez da verdade é como viver na clandestinidade no mundo da consciência. E a qualquer hora você pode ser apanhado e julgado.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

Para os católicos, hoje é dia de Nossa Senhora da Conceição. Para os seguidores do Candomblé, é Dia de Oxum. Em todo o país, as pessoas saem às ruas para comemorar.

No twitter, tanto Nossa Senhora da Conceição como Oxum estão há horas na lista de assuntos mais comentados (trends). Enquanto Nossa Senhora recebe tão somente felicitações, Oxum, além de congratulações, é alvejada com uma série de ofensas e comentários desrespeitosos, como “macumba”, “Deus me livre”, “credo”, entre outros.

O Brasil abriga seguidores de infindáveis credos religiosos. A liberdade de seguir essa ou aquela religião é garantida por lei. A Constituição Federal exonera o Brasil de qualquer religião, havendo somente uma menção à “proteção de Deus” em seu preâmbulo.

A Bíblia, livro sagrado norteador de todas as religiões cristãs, também não indica qual é a religião a ser seguida. Nela relata-se “apenas” os inesgotáveis e valiosos ensinamentos de Jesus. O maior de todos é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Os homens são os verdadeiros criadores das religiões, estabelecendo os direcionamentos, dogmas, conceitos e pré-conceitos. A religião conforta, dá proteção, ensina formas corretas conforme a convicção de cada um. Na teoria, o princípio das religiões é fantástico.

Partindo para a prática, os pregadores apresentam os ensinamentos conforme o esteio de sua religião. Os fiéis, movidos pela vontade, escolhem qual caminho a ser trilhado.

Foge-me à compreensão o momento em que os homens decidem qual é o caminho da verdade absoluta. Céu e inferno, Adão e Eva, vida após a morte, espíritos, demônio, apocalipse, são exemplos de temas de inesgotáveis discussões. Até que me provem o contrário, nenhuma religião conseguir dirimir, com provas materiais, essas questões.

Em todos os meios de comunicação, vêem-se pregadores tentando converter pessoas. Como eu já disse, a escolha é feita de acordo com a vontade de cada um. O proselitismo é a tentativa de se converter alguém a uma determinada causa, idéia ou religião. Enquanto o empenho se restringe ao campo da razão, vejo como uma prática legal.

Mas alguns exageram e forçam a barra, desrespeitando o limite do próximo. É nesse momento que passam a ocorrer discussões acaloradas e o extremismo religioso. Muitos pregadores, se julgando acima do bem e do mal e até do próprio Cristo, preparam seus fiéis para uma guerra. Grande parte dos fiéis e seguidores simplesmente fecham os olhos irracionalmente, protegem-se com escudos instransponíveis, desembainham suas espadas e vão para uma cruzada sem fim, esquecendo o maior de todos os ensinamentos.

Assim, a religião passa a ser desvirtuada. Perde-se o foco. Aquilo que deveria unir passa a separar. Todas as religiões, cristãs ou não pregam a necessidade de se praticar o bem em favor de si e do próximo. Muitos estão esquecendo de colocar em prática essa questão elementar.

Não pretendo aqui a extinção das religiões, pois como disse, o cerne delas é fantástico. Almejo apenas que, principalmente os pregadores, lancem a idéia do amor verdadeiro, permissivo, que é paciente, tolerante e que une, independentemente da religião.

Quando os brigões se conscientizarem de que o amor é a fonte do poder supremo de Deus ou do ser que criou todas coisas, certamente viveremos em uma sociedade racionalmente e emocionalmente mais feliz.

Como diz meu pai Arpuim, “o amor é o mais sublime dos sentimentos”. Acredito cada vez mais nessa frase.  



sábado, 4 de dezembro de 2010

E o coração voou!

          Hoje foi a despedida do amigo Olzimar, o Maninho.

          Por uma fatalidade, ou simplesmente por um capricho do destino, ele nos deixou para dormir o sono eterno.

          Logo nos primeiros anos de vida, sua família constatou uma deficiência em uma das válvulas de seu coração. Mesmo assim, na medida de suas limitações,  Maninho levou sua vida normalmente.

          Foi uma pessoa espetacular. Um filho e irmão exemplar. Um amigo para todas as horas. Um aluno que todo professor queria ter. Um cara, de "bom coração". 

          Concluiu seu curso de Engenharia Ambiental, ao tempo em que foi nomeado junto à Prefeitura de Palmas, após aprovação em concurso.

          Pretendia se casar com Aline, com quem convivia em relação harmoniosa e feliz. Já tinha comprado seu apartamento, pra onde havia se mudado, uma semana antes da cirurgia que infelizmente lhe tirou a vida.

          Há três semanas encontrei-me pela última vez com Olzimar pra comemorar uma vitória pra minha banda, a Balagandaya. Ele adorava a banda, estando sempre por perto para nos prestigiar e mostrar seu carinho por nós. Nossa música de trabalho, "Meu CORAÇÃO voou", havia sido tocada por Chiclete com Banana, a maior banda de axé de todos os tempos. Foi um dia de festa, e lá estávamos comemorando.

          Maninho me disse que seria submetido à cirurgia em seu coração, mas que estava tranquilo, pois a cirurgia "seria tranquila".

          Passadas três semanas, recebi uma ligação na qual me diziam que a cirurgia tinha se complicado e que Maninho teria apenas duas horas de vida. A declaração de morte se confirmou, ao mesmo tempo que iniciava o sentimento de perda e desolação em todos seus muitos amigos e a familiares.Muitas homenagens foram prestadas durante seu velório e sepultamento.

          Ninguém quis aceitar que uma pessoa tão boa, amiga, educada e claramente diferenciada pudesse ter nos deixado prematuramente, no alto de seus 25 anos.

          A última vez que me encontrei com Olzimar foi pra comemorar o sucesso de "Meu CORAÇÃO voou". Mas  infelzimente, o coração do Maninho voou e não bate mais perto de nós! 

          Estará voando em voos mais altos, longe e em novos horizontes.

          Maninho, que seu coração esteja voando feliz onde quer que você esteja!