segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O FIM DO CARNAVAL

Eu já havia escrito sobre o “antigo” Carnaval de Palmas. Falo daquele de uns 10 anos atrás, quando pessoas não somente do Tocantins esperavam ansiosamente pela nossa festa aqui. Era tudo, aparentemente, muito organizado. O circuito, os blocos, os camarotes, as bandas renomadas, os ambulantes, a segurança, a mídia sobre o evento.  
 
Depois que a festa foi enxotada da Teotônio Segurado para a pista do antigo aeroporto, o Carnaval em Palmas começou a descer ladeira abaixo, sem qualquer controle. Também não vingou após a mudança para a orla da Graciosa. Esse declínio culminou com o fim do evento que, após a também saudosa praia da Graciosa, era o que mais atraia turistas para o nosso Estado.  
 
Ante a falta de apoio e iniciativa do Poder Público, os blocos, ou se reduziram à míngua ou encerraram suas atividades. Exemplos disso são os extintos blocos Eu Ia e Enigmáticos e o relutante Filho da Pauta. As escolas de samba, o Pinto da Madrugada e os bonecos de Taquaruçu estão na mesma estatística. O Tropaloka, que este ano tinha como certa a realização do Carnaval aqui e que já tinha até vendido abadás para este ano, refugou e voltou para Gurupi, sua cidade de origem. 
 
Há dez dias, após meses de espera, o Prefeito de Palmas anunciou que não haverá Carnaval na Capital do Tocantins este ano. A autoridade máxima da cidade tinha dito um pouco antes que a prefeitura estava quebrada e que somente por um “milagre econômico” a festança seria realizada. 
 
A decisão traz conseqüências desastrosas para uma cidade que já é tão carente de eventos. Hoje em dia, a maioria dos eventos abertos ao público é promovida pela iniciativa privada, que rebola para diminuir os altos custos (inclusive taxas e impostos municipais) e fazer alguma coisa. O último evento realizado pela administração municipal foi o Reveillon, organizado a poucos dias da data aos trancos e barrancos. 
 
O cancelamento do Carnaval pretere não somente o anseio das pessoas que querem correr atrás do trio, ou simplesmente vê-lo passando da arquibancada, mas principalmente parte de um importante projeto turístico que Palmas um dia já teve. 
 
A falta de planejamento é a única causa para a não realização do Carnaval em 2011. Faltando apenas um mês para a festividade, é muito fácil falar que não tem dinheiro pra organizar tudo. Se houvesse planejamento, a organização para o Carnaval em Palmas teria começado logo após o término da festa do ano passado. 
 
A administração municipal tem ciência da insatisfação da população acerca do carnaval há vários anos. Nesse caso, dever-se-ia formatar um projeto, com a participação do governo estadual, da iniciativa privada, promotores de eventos, donos de blocos e com setores organizados da sociedade. Com o projeto em mãos e acima de tudo, tempo para executar as etapas do projeto, as coisas fluiriam. Concomitantemente a isso, o Ministério do Turismo e da Cultura são fontes polpudas de patrocínios. Não tenho conhecimento de um projeto ou perspectiva como essa. 
 
Ocorre que a mentalidade política daqui é tão atrasada que se pretende realizar um Carnaval usando tão somente recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Aí, meu amigo, não tem santo capaz de realizar o milagre econômico esperado pelo prefeito! 
 
Espero, com muita esperança mesmo, que o Carnaval do próximo ano não seja tão melancólico como o deste ano. O povo daqui é sofrido e merece um pouco de alegria e diversão.