quinta-feira, 31 de março de 2011

NUNCA IMAGINAMOS QUE PODEREMOS SER AS PRÓXIMAS VÍTIMAS

Nunca imaginamos que pode acontecer com a gente, até o momento em que realmente acontece.

Ontem à tarde fiz uma série de operações no Banco do Brasil em uma das maiores agências da cidade, localizada na Theotônio Segurado, perto da Prefeitura. Ao final saquei R$ 4.000,00, pertencentes à BALAGANDAYA.

Antes de sair da parte de dentro da agência, por questão de segurança, meti no bolso o bolo de dinheiro, em notas de cem, e me dirigi ao carro. O escritório da banda é localizado a apenas uma quadra da agência. Fui pra lá satisfeito por estar levando para alguns integrantes uma parte do pagamento pelo nosso suado e desgastante Carnaval.

Mas ao descer do carro, já em frente ao escritório, percebi a aproximação de dois homens em uma moto. Tão logo os avistei e os vi reduzindo a velocidade, eu já sabia do que se tratava. Não havia mais nada a se fazer. Antes que perguntem: não, não me atentei para ninguém me seguindo.

O passageiro desceu da moto com um revólver velho em punho. A única coisa que consegui observar foi o maldito revólver velho e descascado apontado pra mim, na certeza de que a qualquer momento uma bala sairia lá de dentro em direção ao meu peito.

Fiquei internamente no meu silêncio sepulcral, apenas obedecendo àquela voz diabólica que me dava ordens inquestionáveis. O monólogo não sai da minha cabeça.

- Não corra, não corra!!!
- Me dá o dinheiro!!!
- Não olha pra mim!!!
- Joga a chave do carro no chão!!!
- NÃO OLHA PRA MIM!!!
- Joga tudo (celulares e carteira) pra dentro do portão!!!
- Não olha pra mim!!!
- Entra!!!
- ENTRA LOGO!!!
- Entra e corre, sem olhar pra trás!!!

Enquanto eu corria pra dentro do escritório, esperei tragicamente que ao próximo passo o revólver velho disparasse.

Entrei na sala correndo, obviamente muito nervoso e pedi que ligassem para a PM, que chegou meia hora após a ligação. Apesar do atraso, fui atendido por dois compromissados policiais, um sargento e um soldado. Ambos estavam sedentos para capturarem os assaltantes.

Enquanto conversava com eles, tivemos a notícia que dois homens em uma moto haviam caído em uma rotatória ali perto. O passageiro tinha sumido, mas o condutor portava uma pedra de crack e já havia sido preso por porte ilegal de arma. Os policiais fizeram o cruzamento das informações, mas já era tarde. O condutor já tinha sido liberado. Não posso afirmar se eram os mesmos, mas os policiais ficaram animados e prometeram investigar.

Não tenho esperança de reaver o dinheiro.

Percebi que além do dinheiro, levaram a chave do meu carro. Quando pediram para jogá-la no chão, imaginei que levariam o carro. Pra minha sorte eu estava errado. Não sei se estão com as chave ou se descartaram-na em algum lote baldio, mas prefiro não arriscar e pagarei mais uns R$ 300,00 para mudar o código da partida, portas e porta-malas.

Total do prejuízo: R$ 4.000,00 em dinheiro, R$ 300,00 para mudar o código de segurança do carro uma quantia imensurável de revolta, sentimento vingança e sensação de insegurança.

Não procurarei um culpado agora. Poderia falara facilmente: do pequeno efetivo de policiais na rua fazendo um trabalho ostensivo; da presença de criminosos com passagem pela justiça soltos por aí consumindo crack e roubando pessoas; do nosso falho sistema penal; da minha suposta ingenuidade ao não perceber que estava sendo seguido; do tolhimento do meu direito de ir e vir; da falta de segurança dentro das agências bancárias; das quadrilhas atuantes dentro dos próprios bancos.

Farei apenas o que todos aqueles que souberam do ocorrido me falaram. Pensarei que foi apenas uma perda material e que, graças a Deus, minha vida e integridade física foram preservadas.

De qualquer forma, é bom que todos fiquemos atentos às coisas ruins que nos cercam, pois nunca imaginamos que pode acontecer com a gente, até o momento em que realmente acontece.


Palmas, 31 de março de 2011