Uma
jovem de 22 anos se tornou um dos rostos mais conhecidos do Brasil quando foi filmada na arquibancada, no jogo entre Grêmio e
Santos em Porto Alegre, esbravejando contra o goleiro Aranha o grito silábico
de MA-CA-CO.
Pela
infelicidade de ter sido filmada no momento exato da ofensa, Patrícia Moreira foi
rechaçada com veemência, virtual e pessoalmente, tendo tido inclusive sua casa
apedrejada pelos mais raivosos. O ato racista representou afronta não somente
ao goleiro santista, mas a um país continental de origem e predominância negra.
A
jovem se diz arrependida e quer pedir desculpas ao goleiro pela ofensa
desferida. Disse que foi levada pela emoção e pelo calor do jogo. Entendo possível o contexto da emoção, e é sobre esse ponto o presente texto, abstraindo-se a
questão do racismo.
Lidar
com emoções é algo complexo e envolve uma série de fatores determinantes para
que a sua expressão seja apresentada de forma menos ou mais intensa. Esse conjunto de fatores implicará na (des)inteligência emocional.
No
mundo moderno as pessoas vivem preocupadas e estressadas pelos mais variados
motivos, e por vezes explodem com estranhos ou pessoas próximas por meras
banalidades. Se enraivecer e reclamar é inerente ao homem, contudo, a forma de
externar seu descontentamento e sua ira determinará se as consequências serão
construtivas ou danosas.
Em
um contexto amplo, veem-se pessoas tendo ataques de ira no trânsito culminando
com agressões e mortes, linchamento de delinquentes por populares nas ruas, depredação
do patrimônio alheio em manifestações, violência física e verbal em estádios de
futebol.
Em
um âmbito mais pessoal, a intensidade e o contexto de uma exposição emocional
feita de forma desproporcional e excessiva podem implicar em cicatrizes
irremediáveis, términos de relacionamentos, afastamentos e perdões insatisfatórios
para o prosseguimento da convivência outrora feliz.
A inteligência emocional está relacionada a
habilidades de ser resiliente às frustrações, controlar impulsos, direcionar as
emoções para o contexto apropriado, raciocinar, planejar, resolver
problemas, abstrair, compreender ideias, motivar pessoas, etc.
É óbvia a impossibilidade de esgotar o assunto, sendo
apenas um sucinto apontamento do que se trata. Deste modo, torna-se importante que
se busque o autoconhecimento e se perceba a existência de desequilíbrios além da conta, inclusive através de acompanhamento com especialistas, de forma a evitar descontroles emocionais com consequências não somente autodestrutivas,
mas feridas nas pessoas à volta que podem nunca cicatrizar.