terça-feira, 2 de setembro de 2014

A DES(INTELIGÊNCIA) EMOCIONAL NO NOSSO COTIDIANO

Uma jovem de 22 anos se tornou um dos rostos mais conhecidos do Brasil quando foi filmada na arquibancada, no jogo entre Grêmio e Santos em Porto Alegre, esbravejando contra o goleiro Aranha o grito silábico de MA-CA-CO.


Pela infelicidade de ter sido filmada no momento exato da ofensa, Patrícia Moreira foi rechaçada com veemência, virtual e pessoalmente, tendo tido inclusive sua casa apedrejada pelos mais raivosos. O ato racista representou afronta não somente ao goleiro santista, mas a um país continental de origem e predominância negra.

A jovem se diz arrependida e quer pedir desculpas ao goleiro pela ofensa desferida. Disse que foi levada pela emoção e pelo calor do jogo. Entendo possível o contexto da emoção, e é sobre esse ponto o presente texto, abstraindo-se a questão do racismo.

Lidar com emoções é algo complexo e envolve uma série de fatores determinantes para que a sua expressão seja apresentada de forma menos ou mais intensa. Esse conjunto de fatores implicará na (des)inteligência emocional.

No mundo moderno as pessoas vivem preocupadas e estressadas pelos mais variados motivos, e por vezes explodem com estranhos ou pessoas próximas por meras banalidades. Se enraivecer e reclamar é inerente ao homem, contudo, a forma de externar seu descontentamento e sua ira determinará se as consequências serão construtivas ou danosas.

Em um contexto amplo, veem-se pessoas tendo ataques de ira no trânsito culminando com agressões e mortes, linchamento de delinquentes por populares nas ruas, depredação do patrimônio alheio em manifestações, violência física e verbal em estádios de futebol.


Em um âmbito mais pessoal, a intensidade e o contexto de uma exposição emocional feita de forma desproporcional e excessiva podem implicar em cicatrizes irremediáveis, términos de relacionamentos, afastamentos e perdões insatisfatórios para o prosseguimento da convivência outrora feliz.


A inteligência emocional está relacionada a habilidades de ser resiliente às frustrações, controlar impulsos, direcionar as emoções para o contexto apropriado, raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair, compreender ideias, motivar pessoas, etc.

É óbvia a impossibilidade de esgotar o assunto, sendo apenas um sucinto apontamento do que se trata. Deste modo, torna-se importante que se busque o autoconhecimento e se perceba a existência de desequilíbrios além da conta, inclusive através de acompanhamento com especialistas, de forma a evitar descontroles emocionais com consequências não somente autodestrutivas, mas feridas nas pessoas à volta que podem nunca cicatrizar.