quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

Para os católicos, hoje é dia de Nossa Senhora da Conceição. Para os seguidores do Candomblé, é Dia de Oxum. Em todo o país, as pessoas saem às ruas para comemorar.

No twitter, tanto Nossa Senhora da Conceição como Oxum estão há horas na lista de assuntos mais comentados (trends). Enquanto Nossa Senhora recebe tão somente felicitações, Oxum, além de congratulações, é alvejada com uma série de ofensas e comentários desrespeitosos, como “macumba”, “Deus me livre”, “credo”, entre outros.

O Brasil abriga seguidores de infindáveis credos religiosos. A liberdade de seguir essa ou aquela religião é garantida por lei. A Constituição Federal exonera o Brasil de qualquer religião, havendo somente uma menção à “proteção de Deus” em seu preâmbulo.

A Bíblia, livro sagrado norteador de todas as religiões cristãs, também não indica qual é a religião a ser seguida. Nela relata-se “apenas” os inesgotáveis e valiosos ensinamentos de Jesus. O maior de todos é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Os homens são os verdadeiros criadores das religiões, estabelecendo os direcionamentos, dogmas, conceitos e pré-conceitos. A religião conforta, dá proteção, ensina formas corretas conforme a convicção de cada um. Na teoria, o princípio das religiões é fantástico.

Partindo para a prática, os pregadores apresentam os ensinamentos conforme o esteio de sua religião. Os fiéis, movidos pela vontade, escolhem qual caminho a ser trilhado.

Foge-me à compreensão o momento em que os homens decidem qual é o caminho da verdade absoluta. Céu e inferno, Adão e Eva, vida após a morte, espíritos, demônio, apocalipse, são exemplos de temas de inesgotáveis discussões. Até que me provem o contrário, nenhuma religião conseguir dirimir, com provas materiais, essas questões.

Em todos os meios de comunicação, vêem-se pregadores tentando converter pessoas. Como eu já disse, a escolha é feita de acordo com a vontade de cada um. O proselitismo é a tentativa de se converter alguém a uma determinada causa, idéia ou religião. Enquanto o empenho se restringe ao campo da razão, vejo como uma prática legal.

Mas alguns exageram e forçam a barra, desrespeitando o limite do próximo. É nesse momento que passam a ocorrer discussões acaloradas e o extremismo religioso. Muitos pregadores, se julgando acima do bem e do mal e até do próprio Cristo, preparam seus fiéis para uma guerra. Grande parte dos fiéis e seguidores simplesmente fecham os olhos irracionalmente, protegem-se com escudos instransponíveis, desembainham suas espadas e vão para uma cruzada sem fim, esquecendo o maior de todos os ensinamentos.

Assim, a religião passa a ser desvirtuada. Perde-se o foco. Aquilo que deveria unir passa a separar. Todas as religiões, cristãs ou não pregam a necessidade de se praticar o bem em favor de si e do próximo. Muitos estão esquecendo de colocar em prática essa questão elementar.

Não pretendo aqui a extinção das religiões, pois como disse, o cerne delas é fantástico. Almejo apenas que, principalmente os pregadores, lancem a idéia do amor verdadeiro, permissivo, que é paciente, tolerante e que une, independentemente da religião.

Quando os brigões se conscientizarem de que o amor é a fonte do poder supremo de Deus ou do ser que criou todas coisas, certamente viveremos em uma sociedade racionalmente e emocionalmente mais feliz.

Como diz meu pai Arpuim, “o amor é o mais sublime dos sentimentos”. Acredito cada vez mais nessa frase.