Nunca imaginamos que pode acontecer com a gente, até o momento em que realmente acontece.
Ontem à tarde fiz uma série de operações no Banco do Brasil em uma das maiores agências da cidade, localizada na Theotônio Segurado, perto da Prefeitura. Ao final saquei R$ 4.000,00, pertencentes à BALAGANDAYA.
Antes de sair da parte de dentro da agência, por questão de segurança, meti no bolso o bolo de dinheiro, em notas de cem, e me dirigi ao carro. O escritório da banda é localizado a apenas uma quadra da agência. Fui pra lá satisfeito por estar levando para alguns integrantes uma parte do pagamento pelo nosso suado e desgastante Carnaval.
Mas ao descer do carro, já em frente ao escritório, percebi a aproximação de dois homens em uma moto. Tão logo os avistei e os vi reduzindo a velocidade, eu já sabia do que se tratava. Não havia mais nada a se fazer. Antes que perguntem: não, não me atentei para ninguém me seguindo.
O passageiro desceu da moto com um revólver velho em punho. A única coisa que consegui observar foi o maldito revólver velho e descascado apontado pra mim, na certeza de que a qualquer momento uma bala sairia lá de dentro em direção ao meu peito.
Fiquei internamente no meu silêncio sepulcral, apenas obedecendo àquela voz diabólica que me dava ordens inquestionáveis. O monólogo não sai da minha cabeça.
- Não corra, não corra!!!
- Me dá o dinheiro!!!
- Não olha pra mim!!!
- Joga a chave do carro no chão!!!
- NÃO OLHA PRA MIM!!!
- Joga tudo (celulares e carteira) pra dentro do portão!!!
- Não olha pra mim!!!
- Entra!!!
- ENTRA LOGO!!!
- Entra e corre, sem olhar pra trás!!!
Enquanto eu corria pra dentro do escritório, esperei tragicamente que ao próximo passo o revólver velho disparasse.
Entrei na sala correndo, obviamente muito nervoso e pedi que ligassem para a PM, que chegou meia hora após a ligação. Apesar do atraso, fui atendido por dois compromissados policiais, um sargento e um soldado. Ambos estavam sedentos para capturarem os assaltantes.
Enquanto conversava com eles, tivemos a notícia que dois homens em uma moto haviam caído em uma rotatória ali perto. O passageiro tinha sumido, mas o condutor portava uma pedra de crack e já havia sido preso por porte ilegal de arma. Os policiais fizeram o cruzamento das informações, mas já era tarde. O condutor já tinha sido liberado. Não posso afirmar se eram os mesmos, mas os policiais ficaram animados e prometeram investigar.
Não tenho esperança de reaver o dinheiro.
Percebi que além do dinheiro, levaram a chave do meu carro. Quando pediram para jogá-la no chão, imaginei que levariam o carro. Pra minha sorte eu estava errado. Não sei se estão com as chave ou se descartaram-na em algum lote baldio, mas prefiro não arriscar e pagarei mais uns R$ 300,00 para mudar o código da partida, portas e porta-malas.
Total do prejuízo: R$ 4.000,00 em dinheiro, R$ 300,00 para mudar o código de segurança do carro uma quantia imensurável de revolta, sentimento vingança e sensação de insegurança.
Não procurarei um culpado agora. Poderia falara facilmente: do pequeno efetivo de policiais na rua fazendo um trabalho ostensivo; da presença de criminosos com passagem pela justiça soltos por aí consumindo crack e roubando pessoas; do nosso falho sistema penal; da minha suposta ingenuidade ao não perceber que estava sendo seguido; do tolhimento do meu direito de ir e vir; da falta de segurança dentro das agências bancárias; das quadrilhas atuantes dentro dos próprios bancos.
Farei apenas o que todos aqueles que souberam do ocorrido me falaram. Pensarei que foi apenas uma perda material e que, graças a Deus, minha vida e integridade física foram preservadas.
De qualquer forma, é bom que todos fiquemos atentos às coisas ruins que nos cercam, pois nunca imaginamos que pode acontecer com a gente, até o momento em que realmente acontece.
Palmas, 31 de março de 2011
Oi Neuziim,é infelizmente estamos sujeitos a qualquer momentos sofrermos um assalto,mas como lhe disse, e repito,e outras pessoas falaram,graças a DEUS,vc está bem.
ResponderExcluirfica com Deus
beijoos
Gláuce Di Carli
Há muito tempo atrás eu provei deste amaríssimo sabor...Na saída da escola fui assaltada por um pequeno marginalzinho de bicicleta e portando uma faca em punho; me subtraiu uma correntinha de ouro...Minha família foi obrigada a fechar as portas de nosso pequeno comércio em vista da insegurança e após dois assaltos à mão armada que minha mãe sofreu e que causou irreversíveis danos psicológicos a ela...Infelizmente a nossa "capital do interior" já não mais existe...Há tempos estamos convivendo com a falta de segurança trazida pelo diminuto efetivo policial nas ruas...Além disso, temos o uso deste devastador de vidas, que é o crack, colaborando mais ainda com o aumento da violência...O crescimento do número destes pobres coitados que vivem à margem da sociedade e que topam qualquer coisa para ver seu vício demoníaco suprido...Que Deus nos abençõe e proteja...E parabéns pelo blog!!!...é importante partilhar essas experiências para alertar a todos do perigo crescente em nossa amada capital...
ResponderExcluirPerda material, se recupera!!! Fique feliz e agradeça a Deus por estar com saúde e bem!!!
ResponderExcluir.
Grande abraço de seus brothers, Baiano e Ilana.
Acabei de me mudar para o Brasil depois de 20 anos morando no exterior. Literalmente tenho " pavor " de ir ao banco mesmo que não seja para sacar nada. Pois só o fato de ir ao banco já nos torna uma vítima em potêncial.
ResponderExcluirOntem enquanto esperava naquela interminável fila para pegar uma senha no BB ouvi pessoas comentando sobre o ocorrido com você e fiquei ainda mais apreenssivo ao sair do banco.
Estou chegando de um lugar onde o policiamento é ostensivo, onde não existem filas para pegar senha e tão menos assalto a mão armada pois é terminantemente proíbido o uso de armas de fogo naquele País.
Se não me falha a memória o último disparo de um revólver foi efetuado pela polícia há mais de 18 anos atrás e infelizmente contra um brasileiro.
Eu penso que não é impossível de se chegar á solução desses problemas desde que gorverno e cidadão façam a sua parte.
Infelizmente não posso concordar com a frase " foi só uma perda material " pois seria como disesse " pode assaltar, desde que não mate ".
Pelo que percebi nesse pouco tempo que estou aqui, o grupo " Balagandaya " tem força e grande representatividade junto ao público e fãs espalhados pelo Estado a fora.
Quem sabe não seja a hora de " puxar as orelhas das autoridades " e dar um " pontapé " nesses marginais, reividicando mais patrulhas e rondas comunitárias para a segurança dos moradores na capital dos girassóis.
Congrutulações pelo blog, e sempre á disposição,
Marcelo Takahashi.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu também passei por uma dessa aí brother, e dentro de minha casa, nego invadiu e só não roubou ou fez coisa pior por loucura minha e principalmente por proteção divina. Você disse que a polícia levou 30 minutos, aqui foram 40, acho que nem os policiais andam mais tendo coragem. Mas cara, o pior de tudo é essa onda de humanização(bandido pra mim não se enquadra como tal), a vitimização dos bandidos feita pela mídia, e essa merda Direitos Humanos ( ou seria Direitos do criminosos?), serve para que, pra defender bandidos? Não se vê um integrante dos "D.H" ir na casa de um cidadão de bem morto em assalto ou de um policial morto em ação, mas bata na cara de um ladrão ou pior. Já deu essa de argumentos como vítima da pobreza, renegado social, não cola mais, pra mim ser bandido é questão de escolha e se o nego topou entrar nessa vida, já entrou sabendo qual será o fim dele (cadeia ou cemitério). Vejo tanto miserável ganhando a vida de forma honesta, lutando e vencendo sem se corromper, mesmo na miséria absoluta. Por isso defendo a máxima de que bandido bom, é bandido morto e não mudo minha forma de pensar. No mais Neuzin, Deus te dá novamente o que esses criminosos te tomaram, ele é maior, e o importante é sua vida. Sei que o gosto de revolta deve tá amargando na garganta, mas logo passa, te garanto. Abraço man, muitos shows e sucesso aí pra banda.
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